A extinta Comunidade de Leitores «Os Passos em Volta» deu lugar à Comunidade «A Companhia dos Livros».
A extinta Comunidade de Leitores «Os Passos em Volta» deu lugar à Comunidade «A Companhia dos Livros».
PRÓXIMO ENCONTRO DA COMUNIDADE DE LEITORES PASSOS EM VOLTA
Local: Chocolate Coffee Book, Rua Judice Bíker, Portimão
25 de Fevereiro, 2ª Feira, 21h30
Com a presença de Jorge Fallorca, tradutor da obra de Enrique Vila-Matas
Obra sugerida pela Comunidade:
Doutor Pasavento
de Enrique Vila-Matas, Teorema
Atá lá, boas leituras!
DOUTOR PASAVENTO
de Enrique Vila-Matas
Um escritor espanhol razoavelmente conhecido decide desaparecer da vida pública, esperando que dêem pela sua falta e o procurem. Assim começa a história narrada pelo escritor catalão Enrique Vila-Matas, considerado o melhor romance de 2006 publicado em Espanha e vencedor do Prémio Real Academia Espanhola 2006.
O protagonista da história, Andrés Pasavento, tem como herói moral o escritor suiço Robert Walser, que resolveu rejeitar a notoriedade e retirar-se do mundo. Pasavento decide perseguir o destino desse escritor, como prova a sua caligrafia que se vai tornando cada vez mais microscópica e o leva a substituir o traço da caneta pelo do lápis, porque sente que este se aproxima mais do desaparecimento, do eclipse.
Um dia desaparece, acreditando que lhe iria suceder o mesmo que a Agatha Christie, que toda a Inglaterra procurou quando desapareceu, acabando por a encontrar 11 dias depois. Mas ninguém procura o Doutor Pasavento. Assim, renuncia ao eu, à sua grandeza e à sua suposta dignidade, ao ponto de acreditar que encarna a história da desaparição do sujeito no Ocidente. No entanto, pergunta-se se será capaz de viver sem que ninguém se lembre que existe…
Leia mais sobre esta obra em:
http://oquecaidosdias.wordpress.com/2007/06/20/239/
O próximo encontro da Comunidade realizar-se-á a 11 de Fevereiro, segunda-feira, pelas 21h30, no Chocolate Coffee Book.
Até lá, Boas Leituras!
«Andei a passear com a Miriam Tívon [tradutora de Saramago] nas ruas com o nome dos profetas, naquela Jerusalém dos comerciantes que ainda conheci [nos anos 60] e isso ficou para sempre. É uma Israel que já não existe», conta em entrevista ao Público, Lúcia Liba Mucznik, a tradutora do livro de Amos Oz que reconhece na História de Amor e Trevas, também, um pouco da sua própria história. Também o pai nasceu na mesma Europa de Oz, na Galicia, Polónia, no seio de uma comunidade ultra-ortodoxa. E a mãe em Varsóvia. A família veio para Portugal no início do século XX, tendo o avô paterno instalado uma loja de instrumentos musicais na Rua da Madalena, à frente da qual ficou o pai de Lúcia, enquanto o avô partia para Israel, em 1931, «porque era sionista, e activo, aventuroso». A história da família do pai é mais sinuosa e retrata a fuga aos pogroms que se abatiam sobre os judeus polacos. Foi assim que viajaram até Lisboa, de comboio. Os que ficaram na Polónia «morreram quase todos na guerra».
Lúcia lembra-se da mãe cozinhar todas as sextas-feiras o mesmo peixe de que fala Oz no livro; das velas que se acendiam no shabat; de falar-se em casa polaco e iídiche quando os pais não queriam que os filhos percebessem a conversa; e, depois, tal como Oz, aos 13 anos, de trabalhar num kibutz, perto de Jerusalém. Nunca foi aos territórios ocupados, embora gostasse de ter ido. Lúcia, agora, vive em Portugal, embora gostasse de viver em Israel, apesar de não apoiar tudo o que lá se passa.
E não duvida que este livro de Oz é o livro da utopia judaica que «sonhava com Israel no tempo em que não havia Israel e agora sonha com a Europa».
Lúcia Liba Mucznik vem à comunidade de leitores dia 13 de Outubro. Para nos confrontar com as nossas convicções.